PARABÉNS MINHA DOCE E LINDA FILHOTA!

Faz hoje 3 anos entráste na minha vida para a mudar para sempre. E ainda bem! Não saberia viver sem ti, sem a tua alegria contagiante. Já te disse que és o meu bálsamo para os desmandos da vida? Umas gotinhas desse sorriso maravilhoso, um cheirinho desse ofuscante brilho nos olhos, umas passagens da tua voz doce e tagarela e todo o meu dia se transforma, permanentemente.

As palavras andam enferrujadas, por aqui. Ponho me a pensar e acho que nos posts dos anos anteriores já disse tudo. O que prova que o amor não cresce, nem os sentimentos que um filho desperta em nós. Sinto o mesmo amor por ti desde o primeiro dia em que te tive nos meus braços... apenas tenho mais para sentir saudade, quando não estás.

E acho que cada vez vais estando menos e é isso que significa crescer: deixar o conforto de uns braços para arriscar os caminhos da vida, né? Virá a escolinha e os amigos e as mil e uma coisas para aprender. Aos 3 anos o mundo ainda é meio desconhecido mas queremos, ansiosamente, conhecê-lo. Ainda bem!

Sinto mesmo este aniversário como um marco. Perdi um bébé e ganhei uma menina que quer ser cada vez mais autónoma (já vestes tudo sozinha, calças tudo sozinha, as fraldas já só aparecem á noite e os descuidos agora são mesmo cada vez mais raros, queres ajudar o pai e a mãe a fazer tudo, até a dobrar a tua roupa quiséste aprender!), que se mostra sempre cheia de personalidade, com os seus gostos e desgostos, que diz querer ser bailarina e brinca aos médicos, passa a vida a ir ás compras porque o Nenuco nunca tem nada para comer (ai... um bocadinho consumista, Pipoca?) e adora cantorias e pequenas encenações teatrais, pintar e ver o Dartacão em DVD da sua já extensa e invejável colecção de episódios!

Uma menina, quase uma senhora... falta só acertar o passo com a desarrumação dos brinquedos, as birras para comer em casa dos avós e alguma certa e determinada teimosia (quem sai aos seus... hihi!) mas... a seu tempo, né?


Ai... ele é a birra do sono, a birra da comida, a birra de embirrar!



Caminhamos a passos largos para o teu 3ª aniversário, querida filhota.
Já aqui o fiz mas vou resumir novamente e acrescentar aquela que acho que é a aquisição mais óbvia do terceiro ano de vida de uma criança:
1ª ano: aquisição e desenvolvimento da marcha;
2ª ano: aquisição e desenvolvimento da linguagem;
3º ano: aquisição e desenvolvimento (afirmação) da personalidade.
Quaisquer destas competências começam a desenvolver-se bastante cedo... são cumulativas ao longo dos 3 primeiros anos, que sei serem fundamentais. Mas julgo que no início de qualquer deles, se tornam óbvias e por isso dignas de registo.
Em ti, foram mesmo exactamente assim, não houveram desvios: não andaste antes dos 12 meses, não pronunciaste frases com mais de 2 palavras antes dos 24 meses e nunca foste tão ciosa das tuas vontades como agora, a escassos dias de completares os 36 meses!
Birras? Oh.... e eu que cheguei a sonhar que pudesses passar longe delas! Como ambicionei ter sido tão eficaz na construção da minha autoridade que pudesse continuar usando apenas de diplomcia para sanar as divergências e distrair-te da tentação de embirrar... Oh... como fui tola!Eheheh!
Minha querida Pipoca... nestas ultimas semanas reveláste finalmente que te tornáste definitiva e irreversivelmente criança. Não julgues que o reconheço com menos do que um profundo orgulho. Mas... com uma avassaladora sensação de caminhar no lodo do pantanal, com crocodilos ferozes, piranhas assassinas e plantas carnívoras imaginárias à espreita para me ditar um destino! Eheheh! Melodramática? Eu??? Claro que sim!
Ultimamente, a uma maioria de pedidos vem uma desobediência explícita, a uma maioria de ordens, um redondo NHÃO, a muitas rotinas antigamente estabelecidas um NHÃO QUEIO, ou pior um EU QUEIO... do mais exigente, teimoso e egoísta que há!
É que me vejo obrigada a reavaliar as estratégias, pela 1ª vez. E começo a sentir-me no limbo: será fundamental manter a minha posição e ser inflexível para evitar que a birra e a atitude desafiadora seja o prato do dia nos anos que nos esperam, ou sair airosamente do conflito, evitando-o ou desvalorizando-o, mas demonstrando com isso, a meu ver, alguma fragilidade que possa perpetuar os comportamentos no futuro?
E é aqui que sou obrigada a reflectir, muitas vezes debaixo de fogo cruzado e pressionada pelo cansaço, ou indisponibilidade ou presença de terceiros e quartos... e no calor do(s) momento(s), vario não raras vezes entre a exasperação (oh, algumas vezes e cada vez mais vezes acompanhada das famosas e controversas palmadas!) que só piora a situação ou algum laissez faire. Em qualquer dos casos, o resultado para mim é o mesmo: ansiedade, dúvidas, arrependimento. E o desejo de manter pelo maior espaço de tempo possível o tãaaao desejado cessar-fogo!
No entanto tenho chegado a algumas conclusões (algumas delas não deveriam ser novidade para mim, porque em teoria sempre as defendi!):
1. As palmadas são absolutamente desnecessarias, sobretudo ou porque não as sentes ou porque percebo que te incentivam também a alguma agressividade na resolução dos conflitos (do género: negamos-te alguma coisa e reages batendo ou beliscando; imitação?);
2. Por enquanto, parece funcionar melhor um silêncio profundo e um olhar chispando de desaprovação;
3. Armar-me de paciência e compreensão até aos dentes e agir com TODA a calma do mundo.
Não que eu não o fizesse antes (evitar palmadas, ter paciencia e calma, etc.) mas se antes o fazia com espontaneidade e naturalmente, agora preciso de as ir buscar ao fim do mundo.
Oh... e tanta gente que te conhece deve estar por esta altura a pensar que ensandeci. És um doce de menina, muitíssimo bem disposta e divertida, esperta e vivaça. O problema aqui é meu: fui eu que fui apanhada desprevenida, mal-habituada que estava a resolver as nossas divergências pela força de alguma inteligência própria dos adultos e pela força da tua colaboração desinteressada.
O que mudou foi que percebeste finalmente que existes, que precisas de marcar uma posição, descobrir onde andam as famosas fronteiras entre o certo e do errado, a consistência ou fragilidade das regras que ainda estás a aprender. E tudo isso é um processo normal e necessário.
Eu e o paizola estamos cá para ensinar, orientar, educar, tarefa da qual nunca nos demitiremos mas... confesso... muitas vezes me apetece virar costas e esquecer esses propósitos!