Quatro anos de ti!




Faz hoje, querida Pipoca, 4 anos que te conheci e que iniciei a viagem da minha vida. Não conheço Londres ou Paris, nem aconteceu ainda conhecer a sonhada Nova Iorque. Mas nada disso tem importância, viagem alguma pelo globo terreste se compara ao que tem sido este percurso: uma caminhada pelo verão na praia do teu sorriso, pelo inverno frio das planícies da incerteza, pelas montanhas da tua energia inesgotável, pela cidade repleta de descobertas novas a cada porta aberta pela tua imensa curiosidade.

É uma viagem sem fim, da qual me orgulho a cada passo.

Estás tão longe do bébé que deu origem a estas imensas páginas e... tão perto. Hoje, dia de recordações e saudosismos, não posso deixar de comparar a energia do choro desconcertante dos primeiros dias à tua imensa reactividade, à energia que nunca te falta, hoje em dia. O sorriso fácil de outros tempos que ainda permanece, a curiosidade inexpressiva pelos outros que deu lugar a um certo lado teatral (imitas tudo e todos, desde personagens de novelas e programas de televisão a pessoas conhecidas e sinto tantas vezes o quanto projectas em ti o muito que vês em mim e que me delicia). Continuas preguiçosa para o que não te motiva, rápida a aprender o que te interessa e cautelosa com o desconhecido.

Ainda não queres ficar a dormir em casa dos avós, ainda há uma chucha escondida debaixo das almofadas, ainda há braços estendidos para mim quando alguma coisa má te acontece.

Mas já há estojos de maquilhagem das Winx e da Rapunzel, preferência por vestidos com brilhantes e que rodam, pulseiras até aos cotovelos, músicas e cantores de eleição, a ambição de ser dona de uma Nintendo, o triciclo substituido pela bicicleta, opinião sobre tudo, muito vocabulário.

É assim que se fazem 4 anos e que a palavra bébé deixa de fazer sentido. É assim que aos 4 anos que se percebe que o tempo não volta atrás... Estás IRREMEDIAVELMENTE crescida!!!


Dia da Mãe (Desnaturada...!)



Quase 1 mês depois mas... ainda venho a tempo, espero eu!

Não tenho tido muita disponibilidade para escrever aqui, já não é novidade. Mas quero que saibas que tenho tido muita disponibilidade PARA ti.

Estás tão crescida, Pipoca... às vezes nem percebo como é possível. O tempo vai passando e mostrando que a vida deve ser aproveitada e que a maternidade é uma experiência única e que se torna irrepetível nas suas diferentes fases. Nunca mais haverão fraldas nem biberões contigo, nem colinhos durante horas e minutos a fio, nem primeiros sorrisos, primeiras palavras, nem primeiros passos, tanta coisa... e já sinto saudades da fase em que estás agora. Por isso aproveito-as bem.

Temos as nossas cumplicidades, as nossas brigas, as nossas brincadeiras e mimos. E já não saberia viver sem tudo isto, embora aceite que com o tempo estas coisas vão deixando de ser vividas com tanta intensidade (ou passam a acontecer noutros contextos e circunstâncias). Mas eu até acho que, quase sempre, crescer é dar muito menos importância e estas coisas no dia a dia para se sentir a falta de vez em quando, quem sabe. Por enquanto vou aproveitando que ainda és criança e que sentes falta a toda a hora, a todo o instante. É bom ainda ser Mãe a tempo inteiro, saber que te divido com tão poucas pessoas e actividades e que sempre que eu estou presente não faz falta muito mais...

Obrigada, Pipoca pelos miminhos do Dia da Mãe!


DIA DO PAI


Este foi o desenho que fizeste do Pai para a exposição na escolinha!
Ficámos muito babados porque dos meninos do teu grupo foste a única que coloriu o desenho (ainda por cima com predominância para o azul porque é a cor preferida do paizola!) e não rabiscas apenas. Os braços já não saem da cabeça (como começa por ser nas primeiras tentativas de representar a figura humana - fase do girino) e há preocupação em trocar de cores!
Pormenor curioso: na tua ideia o pai tem barba e é aquela coisa estranha no lugar do pescoço! Suponho que nem sabes o que seja ter barba... basta que pique um bocadinho quando há beijoquices e para ti já dá direito a aparecer no desenho do pai! Eheheh!
Pintáste na escola duas bases para copos (num estilo mais vanguardista... lol!) e comprámos uma caneca azul (pois claro!) para lhe oferecer!
FELIZ DIA, PAIZOLA!

Do Natal ao Carnaval

Bem, filhota... os meses vão passando e as palavras neste blog escasseando. Na verdade tenho menos tempo para escrever, como sabes.
Gostava de ter escrito sobre a excitação de presentes do Natal; sobre um certo anúncio televisivo da Mimosa em que o Pai Natal (depois de uma atribulada e barulhenta descida pela chaminé) é surpreendido por um menino curioso e acaba por cair de susto, embrulhado na árvore de natal, e é ajudado pelo menino, que carinhosamente o ampara até à cadeira onde se senta a beber o leite morno com bolachas, e que te arrancava a melhores gargalhadas; sobre o entusiasmo com as músicas natalícias, cujas letras memorizáste em três tempos; sobre o facto de, este ano, a curiosidade ter sido mais forte e te teres esgueirado pelo patamar do prédio, dos avós Celeste e Zé, a ver se ainda espreitavas o Pai Natal (o maroto já se tinha pirado, não fosse escorregar no piso molhado e acabar a beber Bongo com guarda-chuvas de chocolate, que a bem da verdade seria o que farias questão de lhe oferecer, aposto! Eheheh!).
Mas, no almoço do dia de Natal a avó Nide sentiu-se mal e foi hospitalizada. Suponho que esse acontecimento me tirou a vontade de escrever sobre esta época, que sinceramente, desejei esquecer. Deveria ser proibido adoecer ou falecer no Natal. E já há dois anos consecutivos que os nossos natais (o teu um bocadinho menos, por teres menos noção das coisas) têm sido tristes, o que lamento muito. É uma época de que sempre gostei bastante e que espero não volte a ser assombrada por acontecimentos maus tão depressa... não é esta a imagem subconsciente que quero que guardes ou que associes à quadra: de alguma confusão, agitação, de tristeza ou melancolia, de nervosismo e ansiedade.
Mas do Natal ao Carnaval tudo se compôs: a avó melhorou, tu estás óptima, já se vislumbram promessas de Primavera e de dias maiores. Espero que com isso mais pretextos bons para te escrever.
De resto, estás cada vez mais crescida e independente.
Tens comido muito bem, estás mais pesadota, adoras o colégio, falas pelos cotovelos de manhã à noite, tens mesmo um certo bicho carpinteiro que te impede de estar quieta, andas mais desafiadora e teimosa, continuas meiga e de trato fácil.
Continuo a achar que és obediente q.b., apesar de tudo; que tens alguma resiliência que me enche de orgulho (no dia em que a avó foi para o hospital foste de uma coragem admirável: permaneceste no colo do paizola, calma e serena, muito calada, apesar de toda a confusão instalada no meio de gritos e lágrimas meus, da tia Guida e do avô Fernando; naquele dia, a tua expressão segura enquanto te vestia o casaco e te explicava que era preciso que fosses com o pai para casa da avó Celeste porque a mãe iria com a avó para o Hospital, deixou-me tão tranquila que só te posso agradecer e congratular-me, porque acho que eu e o paizola só podemos estar a fazer um bom trabalho nesta assombrosa tarefa de te educar...); acho que és uma miúda feliz em quase 100% dos teus dias, a julgar pelas tuas constantes gargalhadas fáceis, pela tua excitação com que as mais pequenas coisas te despertam (uma saqueta de cromos, fazer um bolo comigo, brincar a qualquer coisa comigo ou com paizola, aprender e jogar um jogo novo (o pai anda a ensinar-te a jogar alguns daqueles jogos de cartas muito básicos), sei lá... mil e uma coisas, todos os dias, são pretextos para seres feliz!
E cá estamos, nesta foto, vestida de Cinderela, no dia do desfile de máscaras do colégio. Não ganháste o desfile, como é óbvio, mas participáste com entusiasmo, que é mais importante. É bom que te vás habituando a este tipo de exposição pública, porque trocáste o Taekwondo pelo Ballet (opção inteiramente tua, precedida de um entusiasmo divertido e notado pela própria professora!) e não tarda estarás a apresentar-te num pequeno bailado na festa de fim de ano, ehehe!
Não vou prometer ser mais assídua mas prometo que voltarei a escrever tão breve quanto possível, Pipoca!

Um Anjo na Festa de Natal!


A tua primeira festa de Natal na escolinha correu muito bem! Fizéste de anjinho branco num teatrinho mimado peparado pelo Pré-escolar e pode dizer-se que te saíste bem... não tivéste receio de entrar na sala cheia de gente, pais e familiares de muitos meninos da Pré e 1º Ciclo do Colégio, e procurar o teu lugar no presépio, sempre de mão dada com a amiga Leonor, pois claro!
Comenta-se pelos bastidores, que a Leonor, já durante a apresentação, comentou indignada que o teu vestido estava rasgado (pelos tropeções que deste no caminho! Oh, Pipoca, era tão comprido o teu vestido!!!) e que tu, mesmo assim, mantiveste a pose de anjinho barroco, sem nunca sair do figurino (um artista não se atrapalha com os imprevistos ;-) !)...!
A tia Guida, a avó Celeste, o paizola e o avô Zé estiveram presentes e babados, como seria de esperar!

A minha amiga!


A Pipoca tem uma amiga chamada Leonor, a quem se refere carinhosamente de A Minha Amiga.

Como em todas as amizades verdadeiras, existem momentos altos e momentos baixos, daqueles cheios de baixeza, com as amigas a empurrarem-se, a arranharem-se, a atirarem objectos uma à outra. Mas os momentos altos são tantos e tão compensadores que em três tempos estão aos abraços e a partilhar brincadeiras e traquinices... para o bem e para o mal, uma diz mata e a outra diz esfola e ai de quem se meter a roubar os brinquedos ou o triciclo uma da outra!

Ai... a minha pequena Pipoca já tem uma Amiga!



Procura-se... livro ou juízo!



MÃE, gostas de xenhores pêtos?
E um buraco para me enfiar, em plena estação de metro, contigo no colo e o teu dedinho em riste a apontar:
Olh'ali uma xenhora pêta!
E eu, envergonhada até às orelhas, que no meio do frio até senti as mãos e os pés a arder, e mais não soube que dizer:
E olh'aqui uma menina tola... Pode ser que alguma senhora repare e aponte para ti também!
Eu sei que percebes que há um proibido na observação, que não há maldade, que não há mais do que um desafio implícito à minha autoridade e a constatação de uma intrigante fragilidade minha... Mas continuo à espera de um livro que explique o que tão bem sei explicar mas não consigo, no calor do momento, e de um buraco onde me enfiar de cada vez que o teu dedo se levanta no ar!