DIA 9 DE AGOSTO DE 2007!!!


Estava previsto que nascesses a 13 de Agosto. Uma semana antes de nasceres eu fui fazer o CTG da rotina semanal no Hospital e já tinha 1cm de dilatação. A médica disse logo que nascerias antes do previsto! Fiquei contente, claro, já tinha muita curiosidade de te conhecer.


Na noite de quarta-feira, dia 8, fomos, como de costume, jantar a casa da avó Celeste e do avô Narciso... eu já me tinha sentido estranha o dia todo... uma moinha nos rins. Durante o jantar começaram as contracções, indignas desse nome. Eram mais "descontracções", porque eu já brincava e ia mentalizando o teu pai de que ias nascer em breve. A avó Celeste disse logo que daquela noite não passava... A frequencia entre elas foi aumentando.


Em casa, deitei-me ao lado do teu pai, na cama, para tentarmos descansar um pouco. Comecei a controlar os minutos entre cada uma delas. De mão dada com o pai, apertava com mais força quando elas vinham, cada vez mais dolorosas. Já não eram "descontracções" quando decidi que estava na hora de ir para o hospital... ehehe!


Eram umas dores intensas nos rins!!! Caramba, sempre me tinha imaginado agarrada á barriga, não aos rins!!! Afinal de contas o que é que os rins têm a ver com a história??? Uma pessoa sente-se mais uma velha com uma crise renal do que uma mãe prestes a dar á luz!!!


O pai levou-nos ao hospital e a tia Guida e o tio Tiago vieram lá ter logo depois. Eram 2 da manhã. Estive a fazer o CTG e fiquei um bocadinho apreensiva porque tu não te mexias muito... e logo tu, meu amor, que em todos os CTG's que fiz ficava impressionada com os pontapés vigorosos que davas nos elasticos!!! Até saíam do sítio!!! Tive de comer um rebuçado e tudo... Tinha á mesma 1cm mas muitas e já um pouco dolorosas contracções. Acabei por ficar e já só estive com o teu pai por breves instantes no corredor, antes de vestir a bata verde, para lhe entregar objectos pessoais.


Sempre achei que era melhor para ele não assistir ao desenrolar dos acontecimentos, ele próprio não queria muito. Mas naquele momento, fiquei triste por abandoná-lo! A tia Guida compensou logo isso... Ajudou-me a fazer a higiene e a vestir a bata, com o desembaraço da execelente profissional de saúde que é!


Na cama, foste monitorizada pelo CTG e puseram soro a correr. Deitada, e com o passar das horas as dores foram-se tornando horríveis e as contracções cada vez mais difíceis de controlar com a respiração e a calma. Mas o meu optismo nunca me abandonou, querida pipoca! Inclusivé uma enfª velha e rezingona veio lá resmungar que eu não podia estar de barriga para cima (que era como eu suportava melhor as malditas facadas nos rins...) e eu lá obedeci, em nome do teu bem-estar, acima de tudo.


A tia Guida foi a pessoa mais importante da noite, uma companheira inesquecível e incansável, que me ajudou a manter a calma e a canalizar as forças, que me distraiu sempre com a ilusão de que estavamos cada vez mais perto do grande momento, contracção após contracção. As coisas já não estavam a correr bem, eram 6 da manhã, e a tia Guida percebeu logo, mas nunca me deu a entender nada e eu estava convencida que estava cada vez mais perto do momento em que nos vinham buscar para o bloco de partos e que estava tudo a correr lindamente!


Até que eram perto das 9h quando um batalhão de médicos e afins entraram pelo quarto adentro e, sem pedir licensa, me rebentaram ,de uma forma inesperada e bruta, a bolsa das águas. Fiquei perplexa por uns segundos, sem perceber o porquê daquele procedimento, até que ouvi da boca do médico uma palavra terrível e que eu, grávida informada como sempre fui, sabia implicar um desfecho que me desagradava: "mecónio". Meu anjo, tu, como qualquer bébé em sofrimento na barriga da mãe, alivia o intestinito no líquido amniótico. É um sintoma de sofrimento fetal, e é perigoso porque o bébé ingere e inala esse líquido sujo... Antes de o médico dizer que ía para o bloco operatório, eu já ouvia na minha cabeça a palavra CESARIANA... No caminho chorei. Porque estavas a sofrer, porque tinha sonhado com um parto normal e sabia que seria capaz de o aguentar com optimismo e força. Aliás, as minhas dores eram, naquela altura, verdadeiramente insuportaveis porque as contracções já não tinham grande intervalo. O problema era que a força delas empurrava-te contra uma saída que estava fechada: não fiz mais que 4cm de dilatação em tantas horas de sofrimento! Que injusto...


A anestesia que me deram, uma tal de Raq, deixou-me mal... tremia muito, tinha frio, senti tudo (excepto dor, claro está) e estava triste porque sou teimosa e queria ter sido eu a ajudar-te a chegar a este mundo e não que um bisturi e as mãos de um médico o fizessem por mim! Até nisto se vê como eu sou orgulhosa e teimosa, habitua-te já!


Mas vi-te passar pequenina e silenciosa, antes de te aspirarem as vias aéreas. Tinhas muito cabelo, pensei eu! Passado uns breves minutos ouvi-te chorar finalmente!!! Queria tanto sentir-me bem para te acolher mas estava tão desconfortável e fraca quando vieste por 30 segundos deitar-te ao meu lado... Acho que não aproveitei o momento, desculpa. Sentia-me frustrada, cansada, tremia sem conseguir parar...


A tia Guida esteve sempre lá... é enfª e ela olhou por ti melhor do que eu o faria naquele momento, sem dúvida. Ela viu-te nascer e ligou-se a ti de uma maneira muito especial! No meio de algum azar, tivémos muita sorte, querida Pipoca!


ERAM 9h18m DO DIA 9 DE AGOSTO DE 2007.


O 9 é o teu número, sem dúvida!!!








1 comentário:

Anónimo disse...

E foi no meu carro que a pipoca foi a caminho do seu primeiro grande feito!!!!... o seu nascimento!!!! Felicidades para todo o teu sempre...
beijos e abraços apertadinhos de uma tia muito muito babada
Ana