7 Dias muito difíceis...




Não é á toa que escolhi esta cor para escrever. Verde, cor da esperança, pois foi com esperança de te levar para casa em breve que vivi todos os momentos que sucederam ao teu nascimento.


Nasceste com 2,735 Kg e 46cm. Muito pequenina, linda, com uma boquinha e um narizinho muito pequeninos e perfeitinhos, muito bochechuda! A cara do teu pai, sem sombra de dúvidas!

Um feitio muito peculiar... Durante o resto do dia 9 e a madrugada seguinte, parecias um anjinho muito sossegado, a dormitar no teu bercinho, tal não devia ser o cansaço da noite atribulada... Eu tinha dores, estava cansada e atordoada da anestesia. A melhor visita de todas foi a do teu pai, ao fim do dia... estava muito orgulhoso pelas parecenças, os olhinhos brilhavam apesar do cansaço que também ele sentia!

Nesse mesmo dia houve umas dificuldades com a amamentação que me tinham deixado irritada e o teu pai, com paciência, ajudou-me a superar. Aliás, em todo o tempo que estivemos no hospital só o teu pai me transmitiu segurança, calma, serenidade e força para aguentar as dificuldades. Amamentar-te não foi fácil, apesar da vontade, por causa das dores da cicatriz e da tua boquinha muito pequenina e desajeitada e de um mamilo de silicone que até hoje não sei se veio ajudar ou atrapalhar! Devo á insistência das enfermeiras do serviço o facto de nunca ter desistido, porque não foi nada fácil!!! Inclusivé até perceber que o primeiro leite - colostro - é incolor como a água, andei ali "ás aranhas"!!! Tu foste exemplar, porque também nunca desististe de procurar no meu peito o teu consolo e isso foi muuuito importante... Foi assim que conseguimos juntas a nossa primeira vitória!!!
Mas no teu segundo dia, que para ti começou com o primeiro banho, reveláste uma energia e um temperamento muito pouco angelical, ehehehe!!! O banho foi um berreiro sem explicação, a força com que agitavas braços e pernas qualquer coisa de impressionante até para os pediatras que te observaram logo depois, cada fralda que te mudava era uma gritaria que começava com a primeira peça de roupa despida e só terminava com colo ou mama, e assim que cumpria com o requisito dos 20m no peito e te deixava no berço para ir buscar o "suplemento lácteo" logo começava outra choradeira inconsolavel... à hora das visitas, e quando o pai chegava pelo meio dia, dormias placidamente como um anjo que enternecia qualquer pessoa... a mim e ao teu pai principalmente! As noites e as manhãs foram pesadelos para mim... de solidão, de dúvidas, de desespero, tu choravas muito, eu achava sempre que era fome (ou pior, havia sempre alguém que me dizia que era fome...!) e não conseguia ajeitar-te sozinha para te amamentar e os 30ml do biberon só podiam ser-te oferecidos a cada 4h. Tinha dores, e sentia-me desamparada... As manhãs, com as rotinas do banho, visita ao pediatra, medicação, análises ao sangue, e etecéteras, que roubavam o sono que finalmente te sossegava depois da noite agitada, eu sentia-as como uma violência infame, um atentado à tua paz de espírito! Chorei muitas vezes de desespero mas consegui manter a calma muitas outras mais... uma semana num hospital com um recem-nascido que se está a querer conhecer é quase tortura chinesa para uma mãe!!!
Foi giro, apesar de tudo... Uniu-me a ti de uma forma que teria sido, quem sabe, menos intensa se tivessemos vindo para casa ao fim de 2 dias.
Eras conhecida por algumas enfermeiras como a "piolha com mau feitio"... hihihi!
O antibiotico que estavas a fazer por causa de uns parâmetros de infecção terminou e as tuas análises revelaram que estavas bem, com um bocadinho de icterícia, muito mau génio e umas ternurentas posições a dormir que nunca vou esquecer e das quais já começo a ter saudades...
Não sei se aquela história do amor infinito que a mãe sente logo pelo seu filho assim que o vê é verdadeira para todas as outras mães. Eu não sou hipócrita, não te amo hoje da mesma forma que te amava no dia em que fomos apresentadas... o meu amor por ti foi-se construindo a partir de uma infinita e cada vez mais urgente necessidade de te proteger e cuidar. É hoje muito mais intenso do que nunca, começo a senti-lo mais recíproco e toda a beleza disto de ser MÃE vem daí... da reciprocidade, do reconhecimento, da partilha, da necessidade, da comunicação.
Fazes hoje 3 meses e o dia em que a minha vida mudou para sempre tinha de ser registado em palavras que mais tarde pudesse partilhar contigo, quando a memória apagar detalhes para sublinhar emoções...
PARABÉNS pelos 3 mesinhos, minha querida Pipoca!






1 comentário:

Carla Pedro disse...

Muga GG,
oxalá possas continuar a alimentar este lindo blog com as tuas ternurentas narrativas, pois estas serão uma prenda incomensurável para a tua filha.
Ter estes momentos tão especiais gravados desta forma vai permitir-vos falar disto mesmo daqui a 50 anos, pois tanto emoções como detalhes ficarão para sempre preservados por palavras escritas!
Uma zuba enorme para ambas... xuaaaaaaaaaaaaaaaaac