Pais, pediatras, psicólogos, educadores, muito se dividem quando toca a especular sobre com quem devem ficar as crianças até á idade escolar, no caso de as mães não poderem assegurar a sua presença permenente: com os avós, com amas, nas creches?
Estes últimos dias com os pequeninos têm me feito pensar nestas questões...
O J. é um menino de 5 anos que não sabe brincar. Precisa de atenção constante e, como nos colégios e infantários os adultos não lhe podem dispensar a atenção desejada, procura-a nos colegas: empurra-os, tira-lhes os brinquedos, persegue-os. Chora de cada vez que é repreendido, contrariado, que se vê incapaz de fazer coisas simples como desapertar os botões da bata ou despir as calças para a natação. E, pior, vive torturado por ter de almoçar... manipula mal os talheres e chora como um bébé porque não há um adulto que se sente com ele na mesa e lhe dê a comida á boca... como era em casa da avó. Para o ano almoçará no refeitório dos crescidos; estará no 1º ano.
Acho que não tinha bem noção da importância dos infantários.
Sou da opinião que até aos 3 anos (altura em que as crianças percebem a alteridade, que o mundo não se esgota nos seus umbigos quase recém cortados e existem meninos iguais e diferentes e que é bom estar com eles!) estão muito bem com os avós: com direito a mimo e afecto á discrição; com fraldas e sem pressão para deixar de as usar; com almoços empurrados á colherada pelas mãos alheias porque há muito tempo para aprender e ao jantar vão sempre a tempo de sujar a roupa, o cabelo, o chão, a cadeirinha; com chuchas e sem vergonha, porque a avó corre a procurá-las sempre que se lhe mostra as amigdalas e não está sempre a dizer «que feia(o) de chucha na boca, olha vai lá guardar a chucha»; sem horas para lavar as mãos ou ver o Noddy, quando até se preferia enfiar as ditas no vaso daquela planta de estimação e perceber o que a prende ao chão e depois ver o Poccoyo que é mais fácil de entender e não grita tão alto como o Noddy!; sem hora para sestas porque o avô não tem pressa e o lanche é enquanto o frigorífico deixar e, convenhamos, ele nunca manda nada; com brinquedos, que não são do colega, da educadora, do colégio, de todos - são sempre deles e é tão bom pensar que todos os brinquedos do mundo são nossos!!!
Mas... a dada altura torna-se mesmo imperativo que vão para a escola: a passagem é violenta mas fortalecedora. E será tanto menos violenta quanto mais cedo acontecer. Não tenho dúvidas que o J. sofre mais que a L., que tem 3 anos e tem medo dos meninos maiores quando brinca no pátio. O J. vai sofrer durante mais tempo. Está há mais tempo habituado a ser o centro do mundo e descobriu que, nele, não é mais do que um menino e que, afinal, isso parece ser tão pouco...
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