Ainda mais... do mesmo



A tia Ana deixou aqui um comment que me pôs a reflectir.
É normal que se pense que eu é que li demais sobre este assunto, que eu é que me acomodei a este diagnóstico por ser mais fácil de aceitar que um «se calhar é mesmo dela», que afinal o Dr. Velho tem razão...
Eu propria saí da última consulta a pensar desta forma. Mas, de facto, não se passou nada assim.
Depois de sairem os resultados das análises eu mostrei-as silenciosa á medica assistente do Dr. Velho e depois ao próprio Dr. Velho. Admito que antes disso andei a tentar encontrar coisas na net sobre o assunto mas fiquei na mesma: não percebia e nem percebo, hoje, nada de anticorpos. Foram eles (1º a médica, depois o Dr. Velho) que disseram que podia ser alguma coisa. Foram eles que pediram que retirasse o gluten da tua alimentação.
Se depois disso, comecei a querer saber como funciona a doença, quais os sintomas, como se diagnostica, mais não fiz do que procurar saber aquilo que, inclusivé, o Dr. Velho me deveria ter explicado logo detalhadamente.
Não sou a única a perceber que estás, progressivamente, a ganhar peso, que recuperáste bochechinhas, que ganháste de novo umas corzinhas, até tens mais cabelo e juro que não é imaginação minha: a tua barriga está mais pequena (mesmo que nunca tenha sido extraordinariamente grande, como é obvio). Tens em tudo um aspecto mais saudável do que tinhas aos 15 meses quando só estavas a ganhar 15gr por mês.
Não é culpa minha (e quero deixar bem claro, Pipoca, que sei que ninguém me atribui culpa nenhuma!), nem fruto da minha imaginação que tenhas começado uma dieta para despiste de Doença Celíaca. Se a ideia não fosse considerar essa hipótese ninguém teria sugerido tal coisa e o Dr. Velho não me faria vontade nenhuma.
Não sei se deveria ser a pessoa que sou mas... sou assim.
Hoje, uma amiga disse-me (e pode parecer uma frase romântica e patetica, até pirosa...) A intuição de uma mãe vale por 10 anos de exercício de medicina!
Se queres saber? Vou fazer tudo de acordo com a opinião dos médicos. Na minha consciência não me pode pesar desinteresse ou falta de espírito crítico. Mas se reintroduzirmos o glúten, podes estar certa que o meu coração continuará nas mãos, que não desistirei de vigiar este assunto, que de maneira alguma fecharei esta porta, independentemente de quantas janelas for capaz de abrir...
Sei o que li; perdi horas a ler sites em inglês e ás voltas com o tradutor do google para ler coisas em francês; sei que nos outros países a investigação desta doença e o diagnóstico estão muito mais evoluídos; sei que no estrangeiro os médicos questionam os quadros típicos relacionados com a Doença Celíaca e que ela é cada vez menos vista como uma doença rara, com sintomatologia-tipo; sei que é uma doença auto-imune e, como tal, apresenta sintomas que se confundem com outras doenças (como as da tiroide, as doenças renais, a diabetes) e que muitas vezes não se diagnostica a tempo porque se perde tempo a diagnosticar o que são apenas sintomas: com a introdução da dieta, essas doenças melhoram ou até desaparecem.
Sei o que li e não o inventei. O excesso de informação só é mau por uma razão: porque me deixa aqui com a sensação de braços e pés atados, na medida em que não tenho um diploma pendurado na parede.
A minha maneira de ser, de longe só me prejudica a mim, porque apesar de tudo, sou incapaz de contrariar um médico, de não fazer o que me pede, e isso é que me irrita. Porque deveria conseguir ser estupidamente arrongante para dizer: desculpe doutor, mas para mim é isto. Não quero fazer outra coisa que não caminhar no sentido de excluir esta doença completamente. O que fazemos então?
Fui educada a valorizar o conhecimento dos médicos e a respeitar as suas opiniões e conselhos: daí não abrir a boca nas consultas. Bloqueio. Não o sei dizer, sequer. Mas... cresci a acreditar que o conhecimento está acessível a qualquer um e que uma pessoa deve ser crítica em relação a tudo na vida. Inconciliáveis perspectivas neste caso, não achas filhota?

3 comentários:

Anónimo disse...

O meu comentário anterior não foi uma crítica, foi só um simples comentário pelo facto de tanta informação ás vezes te cegar e não te deixar ver noutras direcções. A Filipa pode ser apenas o espelho do pai, que eu ainda me lembro ter sido assim tal qual ela é!!! O que para mim seria o ideal porque o meu irmãozinho sempre foi saudável mesmo quando era um franzino bébé... Te gosto muito mesmo assim!!!

Eli Gee disse...

Eu sei, linda, o teu comentário foi a melhor coisa que me aconteceu depois da consulta porque me fez pensar e deixar de acreditar que eu andei a "cozinhar" isto tudo, quando afinal isso não é verdade!

Sim, pode ser apenas e simplesmente magra. Mas enquanto houverem "se's" no lugar de "é's" eu não vou deixar de ser como sou e continuar alerta. Acredita que serias da mesma forma se estivesses no meu lugar.

Só quando nos confrontamos com as coisas é que percebemos este provérbio tão antigo: de médico e de louco todos temos um pouco! Não existe nenhuma mãe (mais ou menos curiosa e informada) que face a uma possível doença de um filho não procure saber mais sobre ela...

Agora, claro, não ando a ler coisas sobre otites só porque ela agora está com uma... if you know what I mean!!! Eheheh!!!

Também te gosto muito!

Mónica (Mó) disse...

Miga, não te deixes angustiar dessa maneira. A piolha é linda, saudável e feliz!! E tem uma mãe linda e super zelosa do seu bébé!!
(Já me ri um bocadinho com uma certa pessoa a adjectivar-te!! Eu sei, é maldade, mas tem piada!!)
Beijinho