Message in the Bottle



As pessoas estão sempre a comentar que tu és muito risonha e muito bem disposta... Digo com orgulho que não nasceste sorridente, aprendeste a sorrir...
Li, algures, e já há algum tempo, que muito do que os bébés aprendem, fazem-no por imitação e desde o primeiro dia de vida. Nada me faz mais sentido... Nunca te mudei uma fralda em que não te sorrisse, mesmo quando choravas de goela aberta nas primeiras semanas. Há falta de outras formas de comunicar, houve sempre sorrisos para ti. Em muitos momentos de desespero em que berravas furiosa por razões que, ainda hoje, não estamos muito certos de entender, eu e o teu paizola rimos-nos de ti! Achavámos piada ao facto de te calares subitamente pelo som da televisão ou de qualquer outra coisa, para logo retomares a berraria. Ou quando choravas, corredor a fora, ao nosso colo (pequenina, com semanas de vida) e aproveitavas para deitar o olho em teu redor ou quando estavas na sala e choravas enquanto olhavas fixamente a estante da sala como se lá estivesse um fantasma a olhar para ti! Riamos-nos e ironizávamos: «Ela está tão mal, tadinha... o que foi, é o fantasminha brincalhão que está olhar para ti, filhota? É?» ou «Que mal que ela está, deixa lá dar uma espreitadela á casa nova, enquanto choro como se o mundo fosse acabar e o meus pais me passeiam de um lado para o outro...!» Hihihi! E riamos-nos por te calares sempre e enquanto ouvisses o som de água a correr (Uma torneira que abríamos durante uns minutos e que era suficiente para que ficasses calma, só a soluçar. Nunca percebi, mas a verdade é que desde que te comecei a sentir dentro da minha barriga que não houve um banho meu em que tivesses dado sinais de vida! Desde que eu abria a torneira da banheira até que saia do banho, tu não te mexias!!!).Ríamos-nos de como ficavas tesa, tipo barra de ferro, quando estavas mesmo danada. Pela minha saúde, ainda não tinhas um mês de idade quando te vi segurar a cabeça e esticar as pernas sozinha, tal era a fúria!
Cuidar de um bébé, não é, ao contrario do que se pensa, um «assunto sério»! É um assunto para se levar com ligeireza, alegria, boa disposição. É um assunto para se encarar de espírito aberto, livre de "obrigações": não é obrigatório que um bébé esteja sempre a dormir, esteja sempre com apetite, esteja sempre calado, esteja sempre sossegado, esteja sempre convenientemente agasalhado ou fresco, esteja sempre de fralda limpa e seca, esteja sempre de roupa lavada e impecavelmente perfumada, esteja sempre tranquilo. Não poderia ser! A vida no útero materno é assim, a vida em si não. É tudo menos perfeita. Não podemos exigir perfeição do que é naturalmente imperfeito. Mas podemos tentar mostrar que a vida, apesar de imperfeita é para se viver com alegria. Chorar enquanto toda a gente chora conosco mostra-nos que não há alternativa senão fazer isso mesmo. Sorrir com ternura para alguém que chora é mostrar-lhe que no fim tudo ficará bem...
Hoje continuas a choramingar quando entendes que deves... ainda choras furiosa quando para ti se justifica, mas no fim tens sempre um sorriso quando sentes que tudo ficou bem outra vez...
Ser pai ou mãe pela primeira vez é errar muitas vezes, é ter muitas dúvidas e incertezas, é estarmos constantemente de caneta vermelha e folha de teste na mão a avaliarmo-nos. Somos os nossos piores professores. Somos os mais injustos, os mais implacáveis, os mais exigentes. E afinal de contas, quem devia ter esse papel são vocês! No fim, os vossos sorrisos (mesmo aqueles durante o sono nas primeiras semanas de vida que sabemos não serem para nós) são a nota final que perdoa as faltas de atraso e de material, o não se saber assim tão bem a matéria e falhar os testes práticos, o escondermos dos nossos pais (os avós e tios e amigos experientes) que afinal isto não nos está a correr assim tão bem!
Há sempre quem vá dizer que és bem disposta porque sais a mim. Não ligues. Aprendeste comigo e com o teu pai a ser bem disposta, porque isso se aprende, não duvides!
E este post é dedicado,
ao Gabriel,
ao Dioguito (a caminho!),
á Bruna,
ao Guilherme,
ao Ruca

4 comentários:

Carla Pedro disse...

Ai pipoquita, um ia vais perceber a "sorte" que é ter uma mãe que escreve e descreve como a tua o faz! Afinal "verba sicut ventus volant, scripta sicut monumenta manent" (que é como quem diz palavras voam como o vento; textos escritos duram como monumentos).
E tão verdadeiros são os textos da tua mãma... porque a vida em si é um constante ajuste e porque a maternidade provoca a única e total abertura do nosso coração, em todas as alegrias, tristezas, orgulhos, receios, dúvidas que com ela vêm!
E porque nada no mundo nos poderá fazer sentir mais vivos do que dando a vida!
Hoje, por exemplo, a tia Carla P. trás umas orgulhosas olheiras até ao queixo, pois pela primeira vez o primo Diogo não a deixou dormir tais foram as sessões contínuas de "porrada" que ele decidiu dar. Mas apesar do cansaço, não trocaria por um minuto de descanso estas provas de vida dentro do meu ventre.
Ser mãe é este amor incondicional por vós, bébes lindos!
Zubas para ti e para a tua mãezola donna bella... xuaaaaaaaaaaaaaaac!
ps - da parte que lhe toca, o Dioguito agradece a dedicatória ;-)

Eli Gee disse...

Ai, ai, ai o Dioguito maroto... a mãe é para tratar com carinho, sem sessões de pancadaria, principalmente nocturnas!!! Hehehe! Mas deixa lá, ela pelos vistos gosta por isso podes continuar... mas não abuses muito, combinado?! Manda-lhe um ENOOORME beijo de saudades minhas e diz-lhe que ela tem toda a razão: nada no mundo nos faz sentir mais vivos do que a maternidade!

carla caseiro fotografia disse...

Será o Ruca a que te refere, este o meu Ruca!!??? Se é o caso, estamos muito, muito felizes por estarmos no teu pensamento e presentes nas vossas vidas, pois quero que saibas que vocês também o estão, cada vez fico mais ansiosa para que possamos finalmente conversar "em pele e osso" e que os nosso rebentos comuniquem, se bem que o nosso Ruca apesar de imensas traquinices e disparates que faz, um autêntico endiabrado, não bate palmas e se me canso de puxar por ele, xxxxxxxxxxxxxiiiiiiiiiiiiiiiiiii, mas é teimosoooooooooooooooooooo...

O nosso Ruca, também é um risonho, e chega mesmo a ser atrevido quando na rua alguém passa por ele e abre logo um valente sorriso e com ele aqueles olhões que mais parecem os faróis nos máximos, costumo ouvir muitos comentários do género "mas que olhos tão abertos", às vezes levo muito bem, outras penso se as pessoas estarão a dizer em tom de crítica, enfim tretas, de pensamentos de mãe.

Adorei o brinquedo novo, mas posso dizer-te que o Ruca anda na "aranha", é verdade!!! E essa de atrasar o andar, hum, acho que depende de cada bebé, a minha afilhada andava imenso tempo na dita e começou a andar aos 10 meses, por isso, olha acabei por comprar uma ao Ruca, mas confesso que fiquei entusiasmada com o brinquedo da pipoca.

Beijocas muito grandes, e um especial para a Pipoca
CC & Ruca

Eli Gee disse...

Olá CC e Ruquinha!

Claro que me refiro ao Ruca! Apesar de ainda não nos conhecermos pessoalmente é como se nos vissemos frequentemente, lembro-me sempre de vocês!

Quanto ás palminhas, deixa lá, há-de fazer quando menos esperares, a Filipa só faz porque tem uma avó mais teimosa do que ela a insistir o dia todo!!! Eu sempre insisti mais no "adeus" mas ela também não quer saber de acenar e ri-se em vez de imitar. Acho que ela ainda não percebe que é despedida... hihihi!

Pois, eu também tive uma aranha quando era bébé e andei antes dos 12 meses, por isso não sou fundamentalista. Acho que nada do que seja feito com "conta, peso e medida" possa ser prejudicial! De qualquer das formas e se pensares em durabilidade este "andador" serve para usar durante mais tempo se considerares que até aos 2/3 anos eles adoram andar de triciclos e afins e o andarilho deixa de servir assim que dão os primeiros passinhos sozinhos, só por isso! Além do mais é divertidíssimo vê-los sentados naquilo, a buzinar e passeá-los pela casa. Nós ainda por cima temos um corredor enorme e sem móveis que ela pode aproveitar bem!

Quanto ao olhar profundo e esperto do Ruca só podes levar a bem os comentários, porque se não forem bem intencionados a razão só pode ser a inveja! Sabes bem que são lindos e se acompanhados do tal sorriso que aprendeu com os pais ;) melhor ainda!!!

Um enorme beijo para os 3, sendo que o do Ruca, como sempre; é especial!