And the award for the best portuguese song goes to...




restolho
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração

MAFALDA VEIGA

Ouvi há pouco esta música, na radio. Apeteceu-me partilhá-la contigo; cantá-la para ti.
O mais belo poema escrito em português. A melodia mais doce. A voz eterna.
Linda, não achas?

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo... como quase tudo o que a nossa pequena grande portuguesa Mafalda Veiga escreve e canta tão bem!!! Eu tenho esse cd, se quiseres pede-me!!!